No cenário atual das relações de trabalho no Brasil, a saúde mental nunca esteve tão em pauta. Recentemente, a legislação trouxe mudanças marcantes para a rotina das empresas. E uma dessas mudanças está diretamente relacionada à atualização da NR-1, a norma que determina as diretrizes para o gerenciamento de riscos ocupacionais, agora incluindo, com destaque, os chamados riscos psicossociais. Temos acompanhado de perto essa evolução porque, mais do que uma obrigação legal, ela reflete uma urgência real de cuidar das pessoas no ambiente de trabalho.
Vimos crescer, de modo assustador, o índice de afastamentos por questões mentais. Segundo dados do Ministério da Previdência Social analisados em reportagem sobre as alterações na norma, em 2024 foram 472.328 casos, recorde dos últimos dez anos. Um salto de 68% em relação ao ano anterior. Isso fala muito não só sobre as condições do ambiente de trabalho, mas sobre como o tema saúde mental deixou de ser tabu, pedindo respostas práticas.
Entendendo a NR-1 e sua evolução
Quando falamos sobre normas regulamentadoras, muitas empresas ainda pensam apenas em riscos físicos: máquinas, ruídos, quedas, químicos e biológicos. No entanto, a reestruturação da NR-1 em 2020 e os avanços subsequentes, principalmente após a Portaria nº 6.730/2020, tornaram a avaliação dos riscos psicossociais parte indissociável do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
A NR-1 hoje obriga que todas as empresas façam o gerenciamento de riscos abrangendo também fatores psicossociais. E isso inclui, por exemplo:
- Estresse crônico no ambiente de trabalho
- Assédio moral e sexual
- Sobrecarga de tarefas
- Conflitos interpessoais e baixa qualidade das relações
- Falta de clareza sobre funções
- Insegurança organizacional
Para nós do Pesquisa NR1, ficou claro que acompanhar essa transformação não é mais questão de escolha competitiva, mas de sobrevivência legal, reputacional e, acima de tudo, humana.
Por que riscos psicossociais entraram em pauta?
A resposta, em parte, está nos números. Mas há outros fatores menos visíveis, porém presentes no cotidiano de quem trabalha em qualquer segmento. A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho lista situações como exigências contraditórias, gestão ruim de mudanças, comunicação falha e falta de apoio como exemplos clássicos de fatores psicossociais. Isso sem falar nos casos de assédio ou pressão constante por resultados.
Condições invisíveis podem ser tão perigosas quanto riscos físicos.
Por vezes, presenciamos ambientes aparentemente “seguros”, mas que adoecem silenciosamente equipes inteiras. A inclusão do risco psicossocial na gestão da rotina busca quebrar esse ciclo.
O que a NR-1 determina, na prática?
O novo texto da NR-1 obriga a identificação, avaliação, monitoramento e controle dos riscos psicossociais. Isso se traduz em documentos, ações concretas e treinamentos. E quem não cumpre responde civil, administrativa e até criminalmente, a depender do dano provocado.
Veja alguns pontos obrigatórios relativos aos riscos psicossociais que estão detalhados na norma:
- Inclusão explícita no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR): Devem constar todos os perigos relacionados à saúde mental e social.
- Particular atenção à saúde mental: O diagnóstico deve considerar indicadores de adoecimento emocional.
- Documentação e evidências: Cada etapa da prevenção e do acompanhamento precisa estar registrada.
- Treinamento e capacitação: As equipes devem entender como identificar, prevenir e encaminhar situações de risco psicossocial.

A relação dos riscos psicossociais com saúde mental e ergonomia
Frequentemente, questões emocionais refletem em sintomas físicos: dor de cabeça, insônia, dores musculares, exaustão. Não raro, o corpo grita o que a mente não consegue pedir. Ao mapear fatores psicossociais no PGR, a NR-1 evidencia a ponte entre saúde mental e saúde física.
Ergonomia vai muito além da postura corporal: ela inclui a qualidade dos relacionamentos, ritmo de trabalho, autonomia e sensação de pertencimento. Tanto que a NR-17, norma específica sobre ergonomia, recomenda considerar o ambiente como um todo, inclusive aspectos sociais e organizacionais.
Por experiência própria, percebemos que apenas mexer na cadeira, ajustar monitor ou instalar suportes não resolve quando o clima é tóxico. É preciso olhar para dentro, repensar processos e abrir canais reais de escuta.
Fatores psicossociais a serem mapeados no trabalho
De acordo com autoridades internacionais na área de saúde ocupacional, como citado anteriormente, os principais fatores psicossociais que devem ser avaliados incluem:
- Carga de trabalho excessiva ou insuficiente
- Falta de autonomia ou controle sobre tarefas
- Demandas contraditórias ou confusas
- Má gestão de mudanças
- Precariedade das condições laborais
- Falta de clareza nos papéis e responsabilidades
- Problemas de comunicação interna
- Afastamento social ou falta de apoio
- Casos de assédio moral, sexual ou violência
- Pressões constantes de clientes, pacientes ou superiores
Tudo isso precisa entrar no radar das organizações. E nós do Pesquisa NR1 utilizamos metodologias específicas capazes de transformar percepções subjetivas de sofrimento em diagnóstico visual, como já apresentamos em outros artigos do nosso blog sobre riscos psicossociais.
Criando o passo a passo: do diagnóstico à ação
Bons resultados não surgem por acaso ou só da boa vontade da diretoria. Implementar corretamente o gerenciamento desses riscos depende de um processo prático, documentado e repetível. Com base em nossa atuação, organizamos o passo a passo abaixo para apoiar empresas nesse novo cenário.
-     Mapeamento inicial dos riscos    É preciso olhar para todos os processos da empresa, considerando cargos, setores e relatos dos próprios trabalhadores. A aplicação de pesquisas anônimas, entrevistas e observação direta são instrumentos que usamos para ajudar na construção desse mapa. 
-     Avaliação e priorização    Nem todo risco psicossocial terá o mesmo peso. Por isso, sugerimos priorizar fatores que estejam mais presentes ou que provoquem mais impacto negativo, inclusive econômico, como absenteísmo e rotatividade. 
-     Registro em documentos oficiais    Todas as iniciativas e descobertas devem ser anotadas no PGR da empresa. Isso inclui desde a identificação dos perigos, medidas adotadas e prazos de revisão. 
-     Estabelecimento de indicadores    Indicadores ajudam a transformar o “achismo” em gestão baseada em dados. Quantidade de afastamentos, número de denúncias, índice de satisfação e turnover são exemplos concretos. 
-     Treinamento e comunicação    Toda equipe precisa compreender quais são os riscos, como participar das ações preventivas e como denunciar situações vividas ou testemunhadas. 
-     Monitoramento contínuo    As condições organizacionais mudam. Por isso, defendemos revisões periódicas dos diagnósticos e a manutenção de canais abertos de escuta dos colaboradores. 
Gestão de riscos não termina, se renova.

Indicadores e dashboards: tornando o invisível em ação
Na prática, um dos principais desafios é mostrar às lideranças e equipes de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) onde estão os verdadeiros pontos críticos. Por isso, apostamos na visualização de dados, criando relatórios dinâmicos e dashboards que traduzem as informações coletadas em sinais claros, muitas vezes em tempo real.
Alguns exemplos do que transformamos em dados visuais:
- Mapa de calor com setores de maior incidência de queixas ou afastamentos por sofrimento psíquico
- Gráficos históricos do índice de absenteísmo relacionado a doenças mentais
- Distribuição percentual de fatores de risco percebidos pelos funcionários
- Indicadores como: número de denúncias, tempo médio de resposta, quantidade de intercorrências prevenidas após ação corretiva
Nesses relatórios, fica mais fácil enxergar tendências, justificar investimentos e responder rapidamente a fiscalizações ou auditorias, inclusive dos órgãos ligados ao eSocial.
Detalhamos em outros conteúdos como a gestão dos riscos pode se tornar mais assertiva com dados objetivos, e acreditamos que dashboards são aliados poderosos, simples e diretos.
O papel legal das empresas e dos trabalhadores
A legislação é clara: cabe à empresa garantir um ambiente de trabalho psicologicamente seguro e saudável. Isso não elimina, contudo, a responsabilidade de cada trabalhador colaborar, comunicar situações de risco e participar ativamente dos programas internos. Tratamos disso com frequência nas nossas reuniões de diagnóstico, onde escutamos relatos que só chegam ao topo quando há confiança e canais seguros.
Cuidar da saúde mental é compromisso coletivo.
Além disso, a NR-1 reforça a necessidade de registrar a participação ativa dos trabalhadores na identificação e revisão dos riscos. O envolvimento acontece, por exemplo, por meio das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), feedbacks anônimos, assembleias e reuniões periódicas.
As consequências para quem ignora essas obrigações ultrapassam o campo administrativo, multas, advertências e até interdições podem ocorrer, sem contar danos à reputação. Em casos extremos, a omissão pode caracterizar negligência, resultando em responsabilização civil ou até criminal do empregador.
Integração entre normas: NR-1, NR-17 e outras
Muitas vezes ouvimos dúvidas sobre a relação entre NR-1 e outras normas regulamentadoras, principalmente a NR-17, voltada à ergonomia. A resposta é que elas se somam: NR-1 determina a diretriz mais ampla, inclusive os aspectos psicossociais; já a NR-17 detalha medidas de adaptação do ambiente, dos processos e da organização do trabalho para promover saúde física, mental e social.
- A NR-1 é a base, orientando o PGR em todos os tipos de risco
- Já a NR-17 aponta ações específicas dentro da ergonomia
Pela nossa experiência, a integração entre normas traz resultados reais, especialmente quando a empresa acompanha continuamente atualizações e mantém o envolvimento das equipes técnicas e de recursos humanos.
Prazos obrigatórios e consequências do descumprimento
Os prazos são claros: o PGR deve ser atualizado sempre que ocorrerem mudanças no ambiente, processos, organização do trabalho, ou se houver acidentes/incidentes relevantes. De todo modo, recomenda-se revisão periódica anual, no mínimo. Empresas que descumprem a NR-1 sujeitam-se a advertências, multas e até interdição da atividade. E como dizemos sempre em nossos treinamentos: prevenir é muito mais barato e humano do que remediar.
Como plataformas digitais impulsionam o diagnóstico e a conformidade
A digitalização do diagnóstico dos riscos psicossociais, como propomos no Pesquisa NR1, traz agilidade, sigilo e rastreabilidade às informações. Plataformas online permitem:
- Aplicação de pesquisas de forma rápida, anônima e padronizada
- Análise automática de dados e geração de indicadores atualizados
- Disponibilização de relatórios auditáveis para os órgãos oficiais
- Acompanhamento do progresso a partir de dashboards dinâmicos
- Documentação das ações e treinamentos realizados

No nosso histórico de consultoria, presenciamos a grande diferença entre quem faz gestão “no papel” e quem transforma dados em ações mensuráveis. Aliás, em diversos exemplos apresentados em nossa sessão sobre saúde ocupacional, destacamos casos onde a atuação no digital potencializou resultados. Isso se reflete em maior envolvimento das equipes, mais aderência às normas e respostas para auditorias cada vez mais exigentes.
Treinamentos obrigatórios e cultura de prevenção
Capacitar times é etapa indissociável do gerenciamento de riscos psicossociais. A NR-1 exige treinamentos adequados, periódicos e comprováveis, incluindo os seguintes temas:
- Reconhecimento dos fatores de risco e sinais de alerta
- Protocolos de denúncia e encaminhamento
- Boas práticas de convivência, empatia e respeito
- Direitos e deveres dos trabalhadores
Sempre defendemos que o treinamento não pode ser encarado como mera formalidade. O real impacto surge quando existe espaço para escuta ativa, discussão de casos reais e abertura para sugestões. Em um dos nossos projetos descritos em relato de aplicação prático de pesquisa, um simples debate coletivo sobre o “efeito dominó” dos riscos psicossociais resultou em mudanças duradouras na cultura interna.

Exemplos práticos: indicadores que fazem a diferença
Talvez o principal desafio das empresas tenha sido, por muito tempo, saber como medir riscos psicossociais. Com métodos digitais, entregamos diagnósticos claros e rastreáveis. Veja alguns exemplos de indicadores que usamos nas nossas consultorias:
- Quantidade de relatos de assédio mapeados trimestralmente
- Índice de percepção de sobrecarga (média anual)
- Comparação do absenteísmo antes e depois das ações corretivas
- Média de participação dos trabalhadores em pesquisas psicossociais
- Número de treinamentos realizados versus comportamento preventivo observado
Esses números contribuem para justificar decisões, otimizar recursos e, sobretudo, proteger vidas.
Estamos preparados para a NR-1?
Se nosso desejo é cuidar verdadeiramente das pessoas, o caminho começa pelo diagnóstico correto, passa pela ação concreta e chega à cultura de prevenção. Nada disso substitui o olhar humano, mas a tecnologia tem sido nossa aliada para garantir conformidade, transparencia e acolhimento genuíno nas empresas.
E, se em algum momento ficou alguma dúvida, sugerimos também conferir um caso prático recente em nosso blog, onde dados coletados em poucos dias resultaram em planos de ação que evitaram afastamentos e processos trabalhistas.
Transformar risco em proteção é nossa missão.
Conclusão
Gerenciar riscos psicossociais segundo o que determina a NR1 é, em última análise, um ato de responsabilidade. Nós, do Pesquisa NR1, acreditamos que ambientes psicologicamente seguros não surgem por acaso: são construídos, medidos e revisados em cada detalhe. O segredo está em dar voz aos colaboradores, documentar a realidade, agir preventivamente, e, claro, usar plataformas que tornem todo esse processo mais rápido, prático e auditável.
Convidamos você a conhecer melhor nosso trabalho e experimentar a transformação que uma gestão ativa dos riscos pode trazer. Venha conversar, testar nossa plataforma e descobrir como podemos apoiar sua empresa nessa jornada obrigatória rumo à saúde mental no trabalho.
Perguntas frequentes sobre NR1 e riscos psicossociais
O que é o gerenciamento de riscos na NR1?
O gerenciamento de riscos previsto na NR1 consiste num conjunto estruturado de ações para identificar, avaliar, monitorar e controlar todos os perigos presentes no ambiente ocupacional, incluindo aqueles relacionados à saúde psíquica e social dos trabalhadores. Isso inclui desde a documentação no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) até o acompanhamento contínuo das medidas adotadas, engajando trabalhadores e gestores em busca de ambientes mais saudáveis.
Como identificar riscos psicossociais no trabalho?
A identificação dos riscos psicossociais começa pela escuta ativa dos colaboradores, aplicação de pesquisas anônimas, análise de indicadores de saúde mental (como afastamentos, denúncias de assédio, sobrecarga de trabalho) e observação do clima organizacional. É preciso mapear fatores subjetivos, acolher relatos e contar com ferramentas que ajudem na transformação dessas informações em dados concretos. Muitas referências internacionais, como a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, sugerem essa abordagem multifacetada para captar de fato os maiores riscos.
Quais são os principais riscos previstos na NR1?
A NR1 prevê a identificação de todos os perigos que possam afetar a saúde dos trabalhadores. Entre os psicossociais, destacam-se: estresse crônico, sobrecarga de tarefas, assédio moral e sexual, conflitos interpessoais, falta de apoio, comunicação ineficaz, insegurança sobre papeis e objetivos, pressão excessiva por metas e más condições organizacionais. Todos esses fatores devem ser avaliados e controlados regularmente.
Como implementar a NR1 na empresa?
A implementação parte do mapeamento inicial dos riscos, com envolvimento da liderança e dos trabalhadores. Em seguida, é necessário avaliar, registrar, priorizar e criar planos de ação específicos no PGR. Não se pode esquecer da realização de treinamentos, monitoramento constante dos fatores levantados e atualização dos dados sempre que houver mudanças no ambiente ou processos. E claro, contar com plataformas digitais, como propomos no Pesquisa NR1, potencializa toda essa gestão.
NR1 exige treinamentos para funcionários?
Sim, a NR1 obriga que todos os trabalhadores recebam treinamento adequado sobre riscos ocupacionais, incluindo os psicossociais. Os temas mais comuns incluem: reconhecimento dos sinais, protocolos de denúncia, boas práticas de convivência, direitos e deveres e a importância da participação nas ações preventivas. O treinamento deve ser periódico e documentado como parte das evidências de conformidade da empresa.

 
						 
								 
								